sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Thaíde

Altair Gonçalves (São Paulo, 5 de novembro de 1967), mais conhecido pelo seu nome artístico de Thaíde é um rapper, compositor, produtor, apresentador e ator brasileiro. Começou sua carreira na anos 80 e fez muito Sucesso na 90, cantando em parceira com o paulistano DJ Hum, a dupla Thaíde & DJ Hum. Também foi apresentador do programa Yo! MTV Raps, da MTV Brasil, voltado ao rap e à black music. Thaíde faz parte da velha escola do rap nacional, iniciou sua carreira no início dos anos 80 como um dos fundadores da equipe de break Back Spin. Ao lado de seu ex-parceiro DJ Hum, foi um dos primeiros artistas de rap do país a gravar, participou da primeira coletânea de rap Hip-Hop Cultura de Rua, que veio a ganhar projeção nacional com o sucesso da clássica "Corpo Fechado".

Com o tempo, sua carreira ganhou respeito nacional e internacional, além de excelente receptividade tanto do público como da crítica, graças à sucessos como "A Noite", "Afro brasileiro", "Apresento meu amigo" e o mega hit "Senhor Tempo Bom". Hoje, ao lado dos Racionais MCs, é considerado um dos principais nomes do rap brasileiro. Recentemente, fez uma participação especial no filme e seriado Antônia na Rede Globo, com o personagem Marcelo Diamante. Thaíde também participou do filme Caixa Dois em uma rápida aparição. Em abril de 2009 assumiu o comando do programa Manos e Minas, da TV Cultura, saindo do programa um ano depois.
 Assinou contrato com a TV Bandeirantes em 2010 e apresenta atualmente o programa "A Liga" nesta mesma emissora, junto com Cazé Peçanha, Mariana Weickert e Mel Fronckowiak e o programa Metro Black da Rádio Metropolitana FM de São Paulo junto com a radialista Marcela Rocha.
Foi criado na periferia da Zona Sul paulistana, Altair Gonçalves, o Thaíde, cresce ouvindo AM, sambas de malandragem e de breque, forrós e música brega, além de gringos como Commodores, Temptations e Barry Manilow. Mas aquele que, ao lado de seu ex-parceiro DJ Hum, seria um dos pilares do hip hop nacional, não imagina que o seu destino seria apresentado no início dos anos 1980 pelo programa televisivo Comando da Madrugada, do Goulard de Andrade:

"Era madrugada. Estava tocando The big through down e o Goulard de Andrade falou assim, e nós estamos aqui num baile da Chic Show tradicional equipe de som dos anos 70 e 80. e vocês não têm idéia do que estes crioulos fazem lá embaixo. Vem comigo! Aí a câmera foi dxxescendo, e aquele som aumentando. Foi quando eles mostraram o Nelson Triunfo e outros caras dançando break. Falei comigo mesmo, taí, é isso aí que nós somos", relata no livro Pergunte a quem conhece: Thaíde".
O pernambucano Nelson Triunfo e sua equipe Funk Cia já naquela época se apresentam em programas de TV e, principalmente, no centro da capital paulista, na rua 24 de Maio. Foi aí que Thaíde e seu amigo Mario vêem pelo primeira vez ao vivo e à cores a dança flexiva-robótica do break. O impacto foi tamanho que montam o grupo Black Panthers, de vida curta. Em seguida, nasce a Dragon Breakers, que se apresenta no programa de TV Barros de Alencar, onde Thaíde conhece o Marcelinho, da Furious Breakers. Sugere, então, que a Dragon e a Furious se unam e se transformem na Back Spin Crew. E foi o que acontece naquele 1984 que terminava. Thaíde já risca algumas letras e rimas em cima de outras músicas. O estímulo para a composição parte de amigos como o Cláudio (que também frequentava a Archote, casa noturna em Moema) e Marco Tadeu Telésforo, que se firma como parceiro de suas primeiras músicas ("Corpo fechado", "A noite", "Algo vai mudar", "Homens da lei" e "Falsidade"). Foi também na Archote que conhece Humberto Martins, o DJ Hum, discotecário da casa.


Nessa época, a equipe Back Spin resolve não ficar na mesma área do Nelson Triunfo, que já sofria com a polícia, e faz do Parque do Ibirapuera seu primeiro quartel general. Ali se juntam outras equipes de dança, além da rapaziada do skate e da [sugira um novo terreiro para o break: a estação de metrô São Bento. Começa ali a geopolítica do hip hop brasileiro. Como Thaide afirma em sua biografia, nem sempre era possível curtir o som direto dos aparelhos que levam para a estação de metrô: ou porque os seguranças não deixam utilizar a energia elétrica da estação ou porque as pilhas acabam. Assim, aproveitando sua experiência com atabaques, Thaíde segura a percussão tocando em latas de lixo e improvisando rimas.
"Com o passar do tempo, isso já por volta de 1987, sem que nós procurássemos ninguém, todo mundo começou a ir à São Bento. Nunca ligamos para um jornal, revista ou emissora de televisão, e de repente o local estava cheio de jornalistas querendo fazer matérias.
Grande parte disso eu acho que se deve à presença do pessoal do underground, que havia nos descoberto antes e tinham bastante contato com a mídia. "Os caras do Fábrica Fagus e o Skowa sempre estavam por lá e acho que foi o pessoal do Fábrica que levou o Nasi, vocalista do Ira!, para conhecer o lugar", relevou no livro Pergunte a quem conhece: Thaíde. E foi por meio do Nasi e do Fábrica que Thaíde participa da festa My Baby (com destaque para o hip hop), realizada naquele 1987 no finado Teatro Mambembe. É intimado a apresentar um som. Leva "Consciência", que tem as bases feitas pelo Nasi e pelo Fábrica. É a primeira vez que entra em um estúdio, como é também sua estréia em palco. Aplaudido, com direito a bis, Thaíde é surpreendido por Pena Schmidt, diretor artístico da gravadora multinacional CBS (hoje Sony), que o convida a gravar um disco. Surpreendentemente, o rapaz que não sonhava ser artista nega que não está pronto.

Mas nesta mesma festa, Thaíde se encontra com DJ Hum e o intima a firmarem uma parceria profissional. "Um não sabia fazer scratch direito, e outro não sabia rimar direito." E está dada a largada a um dos casamentos artísticos mais frutíferos do rap nacional. Somente um ano depois da formação, a dupla sobe no palco. Segundo Thaíde, diferentemente do que se pode pensar, é a turma do underground quem arruma lugares para os rappers debutantes se apresentarem. A periferia comparece somente mais tarde.

1988 é um ano crucial. A gravadora Eldorado convida Rôo, do O Credo, grupo frequentador da São Bento, a selecionar outros nomes daquela cena nascente para gravar um LP. E assim faz: O Credo, Código 13, MC Jack e Thaíde & DJ Hum cravam cada um duas faixas em "Hip Hop cultura de rua". A coletânea alcança a marca de 60 mil cópias vendidas e faz de "Corpo fechado" seu grande abre-alas. Além desta, Thaíde & DJ Hum gravam "Homens de lei", ambas produzidas por Nasi e André Jung (Ira!). O sucesso de "Corpo fechado" e do disco garante à dupla uma dezena de shows pelo Brasil e o tapete vermelho para o primeiro álbum individual. Produzido por Nasi e Jung, Pergunte a quem conhece (Eldorado, 1989) reúne músicas como "Consciência", "Cláudio, eu tive um sonho", "Homens de lei", "Minha mina" (que tem, originalmente, uma citação de "Você", do ídolo Tim Maia, mas como o autor não autoriza, têm de destruir os 1500 LPs da primeira prensagem) e "Corpo fechado". O êxito comercial do disco leva a dupla pelo Brasil afora e a programas de rádios e de TV.

No entanto, o segundo disco de carreira, "Hip Hop na veia" (Eldorado, 1990), não repete o caminho de seu antecessor e decepciona a gravadora. "Precisávamos dizer que o hip hop não era uma cultura de moleques. Pregávamos a consciência e a responsabilidade", afirma em seu livro. O LP traz as músicas "Luz negra" e "Por um triz". Do outro lado, e no mesmo ano, os Racionais MCs injetam novo tônico ao incipiente rap nacional com seu disco de estréia, Holocausto Urbano. Descontentes com a Eldorado, Thaíde & DJ Hum assinam com a Independente TNT, que lançou em 1992 "Humildade e coragem são nossas armas para lutar". A independência deu resultado com o disco repercutindo bem, ancorado pelas músicas "A noite" e "Nada pode me parar".

No início da década de 90, o hip hop ganha mais vozes (Gabriel O Pensador, Pavilhão 9) e até um evento oficial com apoio da Prefeitura de São Paulo (Mostra Nacional de Hip Hop, 1993). Em paralelo, Thaíde & DJ Hum moldam uma homenagem ao povo tupiniquim, materializada no álbum Brava Gente (Hip Hop Brasil, 1994), e mais um petardo, "Afro-brasileiro", lançado em single pelo então recém-criado selo da dupla, o Brava Gente. A música integrou o disco seguinte, Preste atenção (Brava Gente/Eldorado, 1996), que revelou um dos grandes sucessos do rap nacional, "Senhor tempo bom", uma faixa memorialística com recortes da infância e da adolescência de Thaíde, e dos cenário da música negra brasileira dos anos 70 e 80. Outros marcos deste CD foram “Malandragem dá um tempo” e "Desabafo de um homem pobre", que revela o período de maior dificuldade emocional e financeira que o autor passava na época que antecedeu à gravação. O êxito comercial do álbum liquidou a crise de Thaíde, realimentando sua fé artística, e garantiu nos anos 1997 e 98 um grande circuito de shows pelo país.

Em nova gravadora, a dupla lança Assim Caminha á Humanidade (Trama, 2000), no mesmo ano em que viaja para Cuba e Thaíde para Assaré (CE), onde conhece o cordelista Patativa do Assaré (1909-2002), encontro que marcou sua carreira artística. Ainda em 2000, substituiu KL Jay, dos Racionais MCs, no comando do programa televisivo Yo!, da MTV. No período em que o hip hop ganha mais espaço (Casa do Hip Hop em Diadema, Academia Brasileira de Rimas, documentários teses, livros, novos discos e artistas), a parceria entre Thaíde & DJ Hum apresenta ranhuras, mas Assim caminha a humanidade é uma tentativa de superar a fase braba. Como remédio, convidam os camaradas do rap para festejar o momento que o "ritmo e poesia" nacionais vivem. SNJ, RZO, SP Funk, Sabotage (1973-2000), Estado Crítico, Xis e Nelson Triunfo participam do CD, que trouxe músicas como "Sangue bom" e "O desafio do rap embolada". As divergências e os projetos individuais superam os planos da dupla que, em 2001, colocou um ponto final na história.
Nos anos seguintes, Thaíde amplia seu leque de atuação. Integra em 2002 a Edição Especial, banda do baixista Sérgio Bartollo que embala funk, soul, jazz e rap. Em 2003 é curador do Agosto Negro, festival de rap de origem cubana também realizado em São Paulo, e no ano seguinte publica o livro Pergunte a quem conhece: Thaíde (Labortexto), escrito em parceria com o jornalista César Alves, em que fala de sua trajetória no hip hop nacional. O livro traz um CD com a música “Caboclinho comum” e dois remixes, seu primeiro registro fonográfico depois do fim da parceria com o DJ Hum. Em 2006, o multimídia Thaíde destaca-se na dramaturgia ao encarnar Marcelo Diamante em Antônia, seriado que virou filme da cineasta Tata Amaral. Participa também de Caixa dois, de Bruno Barreto e o Filme Dois coelhos.

Com tanto trabalho, o disco solo demora para sair, mas em 2007 Thaíde Apenas tem a música dançante (o hit “Pra cima”), além de confirmar sua veia narrativa (“Pilantras de plantão” e “Expresso da favela”) e contar com o Z'África Brasil em “Zé Lirou Pipou”. No início de 2009, Thaide entrou no lugar de Rappin' Hood no comando do programa Manos e Minas (TV Cultura). Em 2010 foi para Band ser um dos apresentadores da A Liga.

Em 2017, participou, junto a sua esposa Ana Onofre, do reality show Power Couple Brasil exibido pela Record TV e apresentado por Roberto Justus, porém o casal foi o 2° eliminado do programa. Depois voltaram na repescagem promovida pela atração, ambos venceram à repescagem e voltaram para a disputa, sendo eliminados durante a Final do programa fincando em 4•Lugar entre 12 casais que disputavam o prêmio.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Fernando Lima

Intimidade com a música, afinidade com a poesia e uma voz capaz de conquistar até os ouvidos mais apurados.
O jovem cantor e violonista Fernando Lima reúne tudo isso e um pouco mais, afinal de contas já vai bem longe o tempo em que o garoto de 12 anos pegou seu primeiro instrumento musical, um cavaquinho, e arriscou os primeiros acordes.
Seguindo uma tendência natural da época, Fernando Lima afinou seu cavaquinho, reuniu alguns amigos e montou seu primeiro grupo de samba nos anos 90, e ainda muito garoto conheceu os palcos de bares e casas noturnas da região de Guarulhos, na grande São Paulo.
Com o passar do tempo e a experiência adquirida, Fernando resolve assumir um novo relacionamento musical e adota como seu fiel companheiro o violão.
Misturando a malandragem típica do samba, com influências de música negra brasileira e americana, Fernando criou um estilo bem peculiar de interpretar as canções do vasto repertório da chamada MPB, e por onde passa o rapaz arranca elogios, conquista novos fãs e faz muitos amigos.
Para Fernando cada possibilidade de subir ao palco sozinho ou com sua banda é uma grande diversão, um momento único, mas tudo com muito profissionalismo e seriedade.
O currículo do músico já acumula apresentações e temporadas nos bares mais badalados da cidade, e entre eles estão o Bar Brahma, A Lanterna, o Bar Barô, Vila Duca, Chopp Time, Bar do Sargento, Praças de Shopping, além de diversos eventos corporativos em São Paulo e outras cidades.
Em 2009 Fernando Lima deu início ao projeto de gravar seu primeiro disco solo de forma independente, e algumas faixas do novo trabalho já podem ser ouvidas em divulgação através da internet.
Quem o conhece e já teve o prazer de ver uma de suas apresentações, sabe que o disco é resultado de muitas horas de palco e muita troca de energia com seu público, e não resta a menor dúvida de que no imenso mar de talentos musicais que o Brasil apresenta, Fernando Lima vai aos poucos garantindo seu espaço para continuar navegando pela boa música e conquistando mares e fãs pelo mundo afora.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Tiganá Santana

Nascido em Salvador - BA, Brasil Tiganá Santana é um filósofo-poeta-músico.
Tiganá compõe em Português, Kikongo, Kimbundo, Francês, Inglês e Espanhol.
Tiganá compõe e canta em kicongo, kimbundo (línguas da Angola e do baixo Congo), mas também em iorubá, português, inglês, espanhol e francês.
Suas letras profundamente místicas, inspiradas pela religião afro-brasileira do Candomblé, falam de elementos universais, quem somos e de onde viemos.
Ele é iniciado na religião do Candomblé Congo-Angola, onde ocupa o cargo de Tata Kambondo.Tiganá Santana, cantor e compositor de 28 anos, com 12 anos de carreira, cresceu na cidade afro-brasileira de Salvador na Bahia, numa casa onde ele podia admirar as variações do mar.
- Dependo das vistas para o mar, para o horizonte e para o universo, diz Tiganá.
A visão do mar dá realmente um som poético na suas músicas.
Tiganá explora a proximidade da música sacra afro-brasileira e Africana e foi elogiado por suas inovações neste campo, especialmente pelo governo brasileiro no reconhecimento da importância cultural e geracional de seu primeiro trabalho, Maçalê.
Em 2010, ele recebeu convite para cantar na Cúpula Internacional das Nações Unidas, juntamente com a cantora Virgínia Rodrigues.
Durante o mesmo ano, gravou um programa especial para a Rádio BBC Londres e participou de um dos maiores festivais de world music da Europa, o festival belga Sfinks, onde ele transmitiu um programa especial ao vivo para a Rádio Nacional Belga.
Em Agosto de 2010, gravou um programa especial para TV4, o principal canal de televisão na Suécia, onde ele falou sobre a herança Africana na Bahia e no Brasil.
Em Outubro de 2010, Tiganá se juntou, como palestrante e músico, à programação oficial da 29 ª Bienal de São Paulo, e foi uma das atracções artísticas do X Mercado Cultural da Bahia. Em 2011, Tiganá é convidado à uma turnê em 4 países da Europa, em salas prestigiosas como o Espace Senghor em Bruxelas e o Stallet na Suécia.
Ele está preparando seu segundo álbum "Invenção da Cor" com a participação de artistas de diversos países.
 

domingo, 14 de janeiro de 2018

Jauperi

Jau, nome artístico de Jauperi Lázaro dos Santos (Salvador, 27 de setembro de 1970) é um cantor e compositor brasileiro, cujo estilo incorpora o axé.
Dono de uma das mais belas vozes da música baiana, compositor gravado por diversos artistas locais como: Ara Ketu, Netinho, Cheiro de Amor, Pierre Onássis, dentre outros. Intérprete como poucos Jauperi foge dos rótulos musicais e vem constituindo seu próprio estilo, com base na sua trajetória e experiências.
Com uma forte influência da música afro-baiana, Jau, como é carinhosamente chamado, foi, aos poucos, constituindo seu estilo próprio que agrada muito seus fãs.
Aos 17 anos, entrou no Olodum e não parou mais, precocemente, foi agraciado com o prêmio de melhor composição no FEMADUM, Festival de Música e Artes do Olodum, grupo onde iniciou sua carreira e a partir do qual teve oportunidade de expandir sua carreira.
Com a banda do Pelô, participou dos mais importantes Festivais de Música da Europa - Montreaux, Womad, Metisse Musique e teve a oportunidade de tocar com estrelas renomadas do cenário nacional, como Djavan, Marisa Monte e Paralamas do Sucesso e internacional, como: Paul Simon, Tracy Chapman, Wayne Shorter, Joan Baez e Courtney Pine.
Já nessa época, começou a conquistar admiradores encantados com a beleza da sua voz.
Mais tarde, em busca de vôos maiores, saiu do Olodum e deu início à sua carreira solo com a Banda Ifá gravou seu primeiro disco, homônimo à banda, que teve músicas estouradas no eixo Rio - São Paulo e reagravadas por artistas baianos, como "Topo do Mundo" e "My Love".
A partir deste trabalho, Jauperi foi conquistando outros admiradores. Não abrindo mão da influência do olodum, ele abusa dos instrumentos percussivos e de letras que remetem à cultura negra.

Tássia Reis

Tássia Reis poderia simplesmente ser definida pelas suas características artísticas, como compositora e cantora, e já seria suficiente para que se escutasse com atenção este segundo trabalho da artista nascida em Jacareí há 27 anos, que faz do hip hop sua arma contra e à favor do mundo. Mas ela é bem mais que isso – é uma usina criativa de convicções, em que seu discurso tão feminista quanto libertário (nas mais diversas vertentes, da intolerância à opressão emocional) dita canções sublimes, embaladas por sua doce voz em gêneros abertos, do rap ao reggae.
Tássia demorou a se entender artista. Durante a adolescência fez parte de grupos de dança urbana em Jacareí. Foi quando descobriu a Cultura Hip Hop e canalizou sua veia criativa para escrever dentro dos gêneros que este abrangia.
Estava tão acostumada a ouvir Clara Nunes por influência da mãe quanto Jackson 5 por influência do pai e os raps de Sabotage, RZO, Expressão Ativa e Racionais MCs por força do irmão. Sua caneta correu ligeira em textos que já vinham acompanhados de melodias, com propostas de harmonias e arranjos.
Foi assim que depois de se mudar para São Paulo, aos 20 anos, e concluir o curso de graduação em Moda, aceitou os elogios que sempre recebia por sua voz e colocou em estúdio na canção “Meu Rapjazz”. Era para ser parte de uma mixtape só de mulheres, que não vingou. Mas a canção serviu como trampolim para sua carreira.
Lançada na Internet, a aceitação foi imediata, o que levou a equipe que começou a acompanha-la a produzir um clipe para a música. No primeiro dia, ao chegar a 10 mil views, ela teve certeza que acertara. Tanto que exato um ano depois saiu seu primeiro EP, batizado com seu próprio nome.
Enquanto isso, sua participação em projetos foi crescendo. Foi convidada para cantar com Marcelo D2, gravou com Izzy Gordon, fez shows com a banda de jazzrap Mental Abstrato, foi para o universo das rimas femininas no projeto “Rimas e Melodias”, entrou para a discussão de gêneros que sempre propôs no “Salada de Frutas” e a posição política a levou a novas composições, que culminam neste “Outra Esfera”.
“Não é Proibido”, que abre o trabalho, narra a questão de limites, da cobra mordendo o próprio rabo quando você é tão limitado quanto a limitação que oferece ao outro. E reflete uma metalinguagem em camadas etéreas que tornam a música impossível de ser catalogada no limite de um gênero.
“Ouça-me” é um rap mais visceral que solta gritos presos na garganta, de opressões. Já “Desapegada” traz um clima mais suave e até jazzístico em discurso que fala do apego contemporâneo e da proposta do desapego ao tóxico.
“Semana Vem” contrabalança um texto de discurso abusivo em reggae doce. O trabalho já vira para um rap mais vigoroso, “Da Lama/Afrontamento”, onde Tássia se baseia no assassinato do irmão de uma amiga para refletir sobre o racismo estrutural brasileiro e na discriminação que culmina com situação tangente a genocídio da juventude negra.
O single do disco é “Se Avexe Não”, com sua reflexão de mágoas reservadas, opressões e oprimidos e liberação dessa somatização em um clima de soul music e doses de samba.

Fecha com “Perigo”, que é a abertura de comportas da canção anterior, da emotividade liberada e da vivência intensa.
Intensa talvez seja a palavra que define o trabalho. Intensa é “Outra Esfera”. Intensa é Tássia. Dentro de toda sua suavidade.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Daúde

"Nasci numa cidade abençoada.
Vivi num gueto onde o cantar dos grilos, dos galos e o barulho do brejo eram de pura sinfonia.
Talvez por isso tenha a alma lavada e repleta de música.

Passei minha infância ouvindo meu avô e os meus tios seresteiros tocando e cantando. Sinhô, Lupicínio, Luiz Gonzaga, Erivelto Martins, Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Jararaca e Ratinho e tantos outros.

Meu pai, com a sua discoteca, me apresentou a Martinho da Vila, Mestre Marçal, Monsueto, Jackson do Pandeiro, às músicas sertanejas, a Pixinguinha, Villa-Lobos, a todos os hinos militares (o hino da marinha era o mais bonito!), às big bands, aos sambas de roda e a seu repertório saxofônico e clarinêtico.

Minhas tias me ofereceram Roberto Carlos, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Vanderléia, Vanusa, Antônio Marcos, Gil, Gal, Bethânia, Caetano, Chico Buarque, Rolling Stones, Beatles, Serge Gaisbourg (J'ai taime moi non plus), Jorge Ben (Ela não gosta mais de mim, mas eu gosto dela mesmo assim, que pena! ), Leno e Lilian, MPB 4, Eduardo e Silvinha Araujo e por aí vai.

Minha mãe ofertou com carinho Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Claudia Barroso, Núbia Lafayete, Nicinha Batista, Elizete Cardoso, Dolores Duran, Emilinha Borba e Marlene, todos os hinos religiosos e as cantigas de ninar.

Já no Rio, a cultura de rádio na minha adolescência foi fatal e total. Pela primeira vez, através do projeto Minerva, escutei Patativa do Assaré. As rádios Tamoio e Mundial incumbiram-se de me apresentar Marvin Gaye, Barry White, James Brown, Stevie Wonder, Diana Ross, Tina Turner, Donna Summer, Tanita Tikaran, Michael Jackson and Jackson Five, Chaka Kann, Santana, Sta. Esmeralda, Slade, Genesis, The Who, Pink Floyd, Lou Reed e Roberta Flack.

Vi a MPB estourar nas FMs. Novos Baianos, Secos e Molhados… dançava e cantava todas as músicas de cor e salteado. Assim, decidi mesmo cantar e passei a perceber as técnicas usadas pelos cantores.

Todas essas influências fazem parte da minha vida. Todas tão naturalmente presentes e necessárias, quase orgânicas."

Daúde
 

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Rosa Marya Colin

Rosa Marya Colin (Machado, 27 de fevereiro de 1946) é uma atriz e cantora brasileira.

Cantora mineira, mais conhecida apenas como Rosa Maria, começou a carreira no Rio de Janeiro aos 18 anos, cantando bossa nova e jazz no Beco das Garrafas, depois de trabalhar como operária. Com o registro grave de sua voz, adaptou-se bem ao repertório jazzístico, e em 1965 gravou o primeiro disco pela Odeon. Depois disso fez shows por todo o Brasil, participou de programas de televisão e atuou na primeira montagem brasileira do musical "Hair". Também trabalhou no México, onde teve bastante êxito cantando em um hotel. A partir do início da década de 80 firmou-se como cantora de jazz, tocando ao lado da Tradicional Jazz Band. Com alguns discos gravados mas ainda pouco conhecida depois de mais de 20 anos de carreira, uma gravação despretensiosa para um comercial de televisão em 1988 alçou-a ao topo das paradas. Uma regravação "cool" de "California Dreamin'", do grupo The Mamas And The Papas, para uma loja de departamentos tornou-se o seu grande sucesso, nunca mais repetido. No fim dos anos 90 mudou o nome para Rosa Marya Colyn.

Discografia

Uma Rosa com Bossa (1965) - Odeon
California Dreamin'/Summertime II (com Tony Osanah) (1969) - Eldorado
Vagando (1980) - Eldorado
Céu Azul (1981) - Gravan